top of page

A Revolução Conservadora Russa — Além do Liberalismo e do Marxismo

  • Foto do escritor: Arkan
    Arkan
  • 20 de nov. de 2024
  • 11 min de leitura

Atualizado: 1 de dez. de 2024

escrito por Arkan.

Águia Bicéfala, um notório símbolo czarista que possui origem no antigo Império

Bizantino e que hoje se tornou novamente um importante símbolo nacional russo.


Após a queda do regime soviético e da ideologia marxista-

leninista em 1991, a Rússia se encontrou em uma verdadeira

encruzilhada político-ideológica. O marxismo, embora tenha

perdurado por quase um século como a ideologia hegemônica

nas terras russas, se mostrou incompatível com o ethos russo e

possuía profundas contradições internas que o levaram ao

colapso e à derrota ante o liberalismo ocidental. Em seguida ao


fim do comunismo, a Rússia, imediatamente e acriticamente,

decidiu se abrir ao Ocidente e adotar a ideologia liberal. Boris

Yeltsin, o primeiro presidente da Rússia pós-soviética (atual

Federação Russa), que governou durante a década de 1990,

introduziu de forma radical e despudorada um liberalismo de

choque, cujos efeitos foram desastrosos e culminaram num

rápido afundamento da Rússia em uma gravíssima crise

econômica, social e política sem precedentes. A Era Yeltsin foi

marcada por constantes escândalos de corrupção envolvendo o

governo, privatização em larga escala dos bens públicos russos

para oligarcas, queda brusca da qualidade de vida, taxas de

desemprego elevadas, explosão da criminalidade, sociedade em

estado de ebulição e conflitos separatistas internos.

Indubitavelmente, a experiência liberal — embora breve — foi

extremamente traumática e também demonstrou ser tão

incompatível com o ethos russo quanto a experiência marxista, o

que acabou por criar uma intensa rejeição à ideologia liberal no

íntimo do povo russo. A sociedade russa, humilhada pelo

Ocidente e desiludida com o caos liberal, passou a ansiar cada

vez mais por uma autêntica alternativa ideológica, por uma nova

ideologia que não fosse nem o defunto bolchevique e nem a

aberração liberal.


A Nova Ideia Russa — Da Eslavofilia ao Eurasianismo


Na Rússia (Alma do Povo), arte de Mikhail Vasilyevich Nesterov.


Durante a história russa, as elites russas estiveram divididas

entre duas ideias: a eslavofilia e o ocidentalismo. A corrente

intelectual eslavófila surgiu oficialmente no século XIX e tinha

como propósito o desenvolvimento de uma Ideia Russa por

excelência, o que significava a valorização e preservação da

cultura, cosmovisão, história e tradições dos povos eslavos,

especialmente do povo russo. Os eslavófilos acreditavam que a

Rússia possuía um destino especial e único no mundo, uma

missão histórica que estava destinada a cumprir visando

iluminar e salvar a humanidade da decadência. E por esse

motivo, os eslavófilos criticavam o ocidentalismo — a ideia de

que a Rússia deveria se espelhar no modelo político, social e

cultural da Europa Ocidental — e enfatizavam a necessidade da

Rússia seguir um caminho próprio, mais autêntico e baseado

nas tradições eslavas e no cristianismo ortodoxo. O Movimento

Eslavófilo exerceu grande influência no pensamento russo

durante o século XIX, culminando no conceito “Ortodoxia,

Autocracia, Nacionalidade”, que dava ênfase aos princípios e

valores tradicionais russos em oposição aos princípios


iluministas ocidentais de “Liberdade, Igualdade, Fraternidade” e

se tornou a ideologia oficial do Estado Russo sob o reinado do

Czar Nicolau I.


Czar Nicolau I (reinou de 1825 a 1855) fez da Ortodoxia, Autocracia e

Nacionalidade a doutrina oficial do Estado Russo.


Por outro lado, o ocidentalismo era um movimento intelectual e

cultural oposto que defendia a adoção de valores e ideias


ocidentais. Os ocidentalistas acreditavam que a Rússia deveria

se modernizar de acordo com os moldes europeus ocidentais.

Um Czar russo que ficou conhecido por reformas

ocidentalizantes e pela modernização da Rússia foi Pedro I

(Pedro, o Grande), que introduziu a educação e a cultura

europeias à Rússia, promoveu reformas administrativas e

políticas tendo como modelo as grandes potências europeias da

época e modernizou o Exército russo, além de ter sido o

fundador da Marinha Russa moderna.



Czar Pedro I (Pedro, o Grande), conhecido por sua política de modernização da Rússia.


Essas duas tendências divergentes permaneceram existindo na

história russa até os dias atuais e passaram por algumas

metamorfoses. O sucessor intelectual do movimento eslavófilo e,

portanto, da ‘ideia russa’, foi o Eurasianismo — um movimento

intelectual e político originado na década de 1920 no seio da

comunidade de emigrados russos “brancos” após a Revolução

Bolchevique na Rússia. Os eurasianistas postulavam a ideia de

que a Rússia era uma civilização especial e diferente da Europa.

Na concepção eurasiana, a Rússia não é uma mera nação

europeia ou asiática, mas sim uma civilização própria que recebe

o nome de Eurásia e que atua como uma espécie de ponte entre

a Europa e a Ásia. E por esse motivo, os eurasianistas, tal como

os eslavófilos, também defendiam que a Rússia deveria rejeitar

os valores e ideais provenientes da Europa Ocidental e

permanecer essencialmente russa, seguindo um caminho

especial próprio. Contudo, diferentemente dos eslavófilos, os

eurasianistas defendiam uma nova ideia russa, que não era

fundamentada exclusivamente no pan-eslavismo, mas também

em ideias como o turanismo, e com isso davam o devido valor às

etnias não-eslavas que compõem a Rússia. No início da

revolução [bolchevique] russa alguns pensadores eurasianistas

proeminentes, como o príncipe Nikolai Trubetzkoy e Pyotr

Savitsky, expressaram uma visão positiva sobre a revolução,

alegando que se tratava de um ‘novo impulso imperial russo’ ou

uma forma secular do messianismo russo, ao mesmo tempo que

amenizavam os aspectos modernistas e ocidentalistas do

bolchevismo (como o ateísmo e a perseguição à Igreja

Ortodoxa), alegando que se tratava de problemas transitórios

que seriam resolvidos posteriormente. Contudo, o movimento


eurasianista permaneceu como um grupo marginal e dissidente

na Rússia/URSS, com a grande maioria dos seus membros

emigrando da Rússia para outros países da Europa que não

estavam sob o domínio da ideologia comunista, onde

gradativamente foram perdendo qualquer relevância e em 1929

cessaram a publicação de seus periódicos entre a comunidade de

emigrados russos, deixando oficialmente de existir enquanto

movimento.



Mapa da Civilização Eurasiática.


Após décadas de comunismo e a dissolução da URSS em 1991,

instaurou-se um vácuo ideológico na sociedade e Estado russos,

o que fez com que os russos irrefletidamente escolhessem o

liberalismo como a sua nova ideologia. Entretanto, mais tarde

tal escolha se revelou um grande erro, pois o liberalismo provou

ser uma ideologia completamente alheia e hostil à alma russa.

Assim que a ilusão liberal caiu por terra, muitos intelectuais


russos começaram a pensar em uma nova Ideia Russa — que

estivesse em conformidade com a Weltanschauung (visão de

mundo), identidade e história russas, que reafirmasse a

soberania e a glória da Rússia, que restabelecesse a Rússia como

um ator de destaque no cenário geopolítico e que desse o devido

valor às religiões tradicionais russas. Ainda no início da década

de 90, muitas organizações e movimentos patrióticos russos

começaram a se formar, alguns possuíam uma visão política

voltada para a esquerda, de viés ‘nacional-comunista’, e

buscavam a restauração da URSS. Mas outros eram orientados

para a direita e buscavam suas inspirações no czarismo russo, no

cristianismo ortodoxo e até mesmo no paganismo eslavo. Apesar

das óbvias diferenças ideológicas, ambos os tipos de

movimentos eram profundamente patrióticos, antiliberais e

radicalmente contrários ao regime liberal e corrupto de Yeltsin.

Essa “unidade negativa”, baseada não em um programa ou

princípios políticos em comum, mas em um inimigo em comum,

deu origem à ‘Frente da Salvação Nacional’ — uma coalizão que

reunia movimentos comunistas, nacionalistas e monarquistas

russos contra o governo Yeltsin -, que representou uma das

principais forças políticas de oposição durante a crise

constitucional russa de 1993 e nos massivos protestos anti-

Yeltsin. Essa coalizão acabou ficando conhecida popularmente

pelo nome de “Aliança Marrom-Avermelhada” e lançou as bases

para a tendência político-ideológica que se desenvolveria na

Rússia nos anos seguintes.



Manifestantes da Frente da Salvação Nacional durante a crise constitucional russa de 1993.


Na Rússia pós-soviética os mais diversos movimentos

patrióticos e dissidentes continuaram florescendo, todavia o

mais notável foi o ‘Partido Nacional-Bolchevique’, fundado em

1993 por figuras proeminentes do campo patriótico

russo — como Eduard Limonov, Alexander Dugin e Egor

Letov — e que, assim como os nacional-bolcheviques alemães e

russos clássicos, objetivava construir uma síntese entre o

bolchevismo e o fascismo, aceitando seus elementos

considerados positivos e rejeitando aqueles elementos negativos.

O Partido Nacional-Bolchevique Russo buscava implementar

uma revolução antiliberal na Rússia, que fosse nacionalista e

socialista ao mesmo tempo, que mesclasse valores de direita

com ideias de esquerda, Tradição e Revolução. Durante a década

de 90 o “Partido Nazbol” representou umas das forças políticas

mais significativas da Rússia e atraía muitos jovens russos das


mais variadas tendências políticas: comunistas, nacionalistas,

tradicionalistas e até mesmo anarquistas — todos unidos pela

Rússia e pelo ódio ao Yeltsin. Porém, com o passar do tempo o

movimento nacional-bolchevique começou a estagnar e perder

sentido, se tornou um movimento muito performático e que não

propunha nada de concreto além de mera crítica e

inconformismo. Em 1998 houve uma ruptura dentro do partido

nacional-bolchevique, onde figuras proeminente e mais

alinhadas com ideias tradicionalistas, como o filósofo Alexander

Dugin, deixaram o partido devido a discrepâncias internas.



Eduard Limonov, Alexander Dugin e Egor Letov, os fundadores do Partido Nacional-

Bolchevique russo.


Anos depois, em 2002, Dugin, juntamente de alguns de seus

associados ideológicos mais próximos, fundou oficialmente o

“Movimento Internacional Eurasiano”, movimento este que


busca restaurar o Eurasianismo Clássico, mas adaptado ao

contexto político-ideológico do século XXI. Essa tentativa de

reviver o Eurasianismo fica conhecida como ‘Neo-Eurasianismo’

(o que Dugin também denomina de “Quarta Teoria Política”),

pois Dugin não está meramente defendendo as antigas ideias de

Pyotr Savitsky, Nikolai Trubetzkoy, Lev Gumilev e outros

intelectuais eurasianos do século passado, na verdade ele

introduz novas ideias e conceitos à ideologia eurasianista —

como o Platonismo Político, o Tradicionalismo, a Konservative

Revolution, a Geopolítica Clássica e ideias provenientes da

Nouvelle Droite (Nova Direita Francesa) -, desenvolvendo assim

um arsenal ideológico-conceitual verdadeiramente novo e

poderoso que seja capaz de preencher o vácuo ideológico da

Rússia pós-soviética. Com o passar dos anos as ideias de Dugin

começaram a ganhar destaque na sociedade russa, atraindo o

interesse de alguns círculos políticos, militares e acadêmicos

russos. Mas esse interesse teve início em 1997, quando Dugin

escreveu “Fundamentos da Geopolítica”, um dos seus mais

importantes livros sobre geopolítica e cuja leitura se tornou

obrigatória na Academia do Estado-Maior das Forças Armadas

Russas. A influência de Dugin se estendeu significativamente

entre as altas esferas de poder do Kremlin, com alguns indícios

de que o próprio presidente da Rússia, Vladimir Putin, seja um

entusiasta e adepto de algumas ideias de Dugin, o que pode ter

influenciado algumas de suas ações, como a sua política interna

cada vez mais conservadora, a anexação da Crimeia em 2014 e,

mais recentemente, a Operação Militar Especial na Ucrânia.



Alexander Dugin com a bandeira do Movimento Internacional Eurasiano ao fundo.


Conservadorismo e Revolução


Logotipo do Movimento Revolucionário Conservador alemão.


Conservadorismo, a grosso modo, é uma cosmovisão, uma

filosofia política que busca conservar valores, costumes e

instituições de uma sociedade. E a ideologia de Dugin não é

outra coisa senão uma ideologia profundamente conservadora.

Em suas próprias palavras, Dugin afirma: “Essencialmente, a

Quarta Teoria Política pode ser plenamente considerada como

uma estratégia de revolta contra o mundo moderno, aplicada às

circunstâncias político-ideológicas do século XXI. […] Nós,

conservadores, queremos um Estado forte e sólido, queremos

ordem e família sã, valores positivos, o reforço da importância

da religião e da Igreja na sociedade”. Ou seja, a Quarta Teoria

Política visa superar a modernidade e restaurar/conservar

valores tradicionais atemporais, não ser parte da modernidade.

Porém, a Quarta Teoria não se trata apenas de mero

conservadorismo, mas de Conservadorismo Revolucionário. Tal

conceito pode parecer paradoxal, tendo em vista que na

concepção moderna revolução significa essencialmente

‘mudança’, ‘transformação’, pois é assim que passou a significar

o termo revolução a partir da Revolução Francesa — de caráter

iluminista, progressista e anti-tradicional -, que trouxe uma

brusca mudança sociopolítica na França e em toda a Europa ao

derrubar o Antigo Regime e inaugurar efetivamente a

Modernidade. No entanto, em seu sentido etimológico original e

tradicional, revolução possui um significado bem distinto, pois

revolução deriva do latim re-evolutio/revolvere, que significa

Retorno, Reverter. Revolução é o retorno à Tradição Sagrada, a

restauração da conexão perdida entre o mundo material inferior

e a dimensão espiritual superior, entre homem e Deus. Nesse

sentido, não há contradição nenhuma entre revolução e conservadorismo, é plenamente possível uma Revolução

Conservadora.


Mas não para por aí, pois para Dugin, a ‘Konservative

Revolution’ — um movimento intelectual e político originado na

Alemanha do período entreguerras — possui um valor

fundamental e influencia grandemente o seu pensamento

político. O Movimento Revolucionário Conservador buscava

desenvolver uma alternativa política ao liberalismo e ao

marxismo, e uma nova forma de conservadorismo que não fosse

nem o conservadorismo liberal — que é essencialmente burguês

e ignora as questões sociais graves que necessitavam ser

sanadas, além de que a única coisa que busca de fato conservar é

a modernidade liberal — e nem o conservadorismo reacionário,

que busca um rompimento total com a modernidade e um

retorno ao passado, à pré-modernidade, mas que porém é

justamente onde estão os germes da modernidade, a doença em

sua fase inicial. Os conservadores revolucionários alemães

abordavam ideias de direita e de esquerda simultaneamente,

buscavam restaurar valores tradicionais orgânicos ao mesmo

tempo que buscavam derrubar as instituições vigentes

decadentes da Alemanha de Weimar, não rejeitavam os aspectos

positivos da modernidade, como os avanços no campo da ciência

e da filosofia, e defendiam conservadorismo social combinado

com socialismo econômico. Por exemplo, o Nacional-Bolchevismo Alemão de Ernst Niekisch e Karl Otto Paetel surgiu no ambiente da Revolução Conservadora.


E o objetivo principal de Dugin é justamente a realização de uma

Revolução Conservadora na Rússia, tendo como fonte de

inspiração a Konservative Revolution.



Alexander Dugin.


Putinismo — Transição do liberalismo dissolvente para

o nacional-conservadorismo



Vladimir V. Putin, atual presidente da Federação Russa.


Com a ascensão de Vladimir Putin ao poder em 2000, a Rússia

começou a passar por profundas mudanças. Porém, os primeiros

anos do governo Putin ainda eram marcados por uma postura

liberal e pró-ocidental, seguindo a linha do seu antecessor

Yeltsin, mas de forma mais atenuada e com um tímido viés

soberanista. Putin buscava manter o sistema capitalista e a

democracia liberal na Rússia, bem como uma política externa de

aproximação e integração com o Mundo Ocidental, com o

próprio Putin solicitando a adesão da Rússia à OTAN (o que foi

negado). Todavia, Putin tentava paradoxalmente conciliar essa


postura liberal e pró-ocidental com uma política patriótica e

soberanista, pois diferentemente do seu antecessor Boris

Yeltsin, ele desejava construir uma Rússia forte e independente,

não uma colônia submissa a potências estrangeiras. Logo essa

contradição começou a se intensificar com oligarcas liberais

conspirando contra o governo Putin (cuja resposta foi uma onda

de repressão contra oligarquia russa, começando por

Khodorkovsky) e a aliança militar ocidental se expandindo para

países do Leste Europeu — que outrora estavam sob a esfera de

influência russa. Isso deu início a um distanciamento gradativo

de Putin em relação ao Ocidente e seus valores liberais, e por

outro lado o impeliu a uma abordagem alternativa, fazendo-o

buscar por uma nova ideologia e um caminho plenamente

soberano para a Rússia. Putin viu uma oportunidade nesse

sentido nas forças conservadoras e patrióticas russas, mais

especificamente em políticos e intelectuais como Alexander

Dugin, Leonid Savin, Alexander Prokhanov, Sergey Glazyev,

Konstantin Malofeev e outros pensadores conservadores russos

proeminentes que forneceram uma sólida base ideológica de que

o Kremlin tanto necessitava.



Logotipo do Clube Izborsky, um importante think-tank conservador russo que oferece

uma firme base intelectual para a política de Putin.


A guinada nacional-conservadora de Putin ocorre efetivamente a

partir do seu terceiro mandato em 2012, quando uma política

interna inequivocamente conservadora tem início na Federação

Russa, resultando na adoção de uma legislação anti-LGBT,

endurecimento da repressão contra forças políticas liberais e

progressistas, reaproximação do Estado com a Igreja Ortodoxa

Russa (inúmeras igrejas foram construídas e restauradas na

Rússia sob o governo Putin) e a promoção de valores

tradicionais — seja diretamente por meio da mídia estatal e do

sistema educacional russos, ou indiretamente por meio de

iniciativas conservadoras, tradicionalistas e patrióticas que

ganharam voz na sociedade russa e até passaram a receber todo

tipo de suporte do Estado Russo. Organizações patrióticas

juvenis como o ‘Yunarmiya’ e importantes think-tanks e canais

de TV conservadores, como o Clube Izborsky e o Tsargrad TV,

passaram a obter apoio financeiro por parte do Estado e

representam atualmente baluartes de apoio ao governo de

Vladimir Putin. No âmbito internacional, a Rússia passou a


projetar uma imagem de si mesma como um ‘bastião dos valores

tradicionais’ e iniciou articulações com movimentos e partidos

nacional-conservadores europeus e norte-americanos, além de

adotar uma política externa mais assertiva de defesa dos seus

próprios interesses nacionais, que culmina em ações como a

intervenção russa na Síria, a anexação da Crimeia, a operação

especial na Ucrânia e a utilização de grupos mercenários para

expandir a influência russa na África.


Mas se antes havia alguma hesitação por parte de Putin, o

conflito na Ucrânia iniciado em 2022 e a subsequente postura

russófoba virulenta que tal conflito desencadeou no Ocidente

fizeram Putin finalmente prosseguir com a sua Revolução

Conservadora sem nenhum resquício de hesitação ou de ilusão

em relação ao Ocidente liberal-globalista.





Os artigos, opiniões e conteúdos publicados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a posição oficial do Vanguarda.

bottom of page